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A cidade como agente fílmico

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O teórico de cinema francês Christian Metz diz que o cinema é capaz de envolver o espectador como nenhuma outra arte, proporcionando a sensação de estar na frente de algo real, estimulando a participação sensorial e afetiva através do espaço simulado na tela.

A relação entre o público e o espaço simulado no cinema se estabeleceu na primeira exibição fílmica da história, onde os Irmãos Lumiére projetaram L’Arrivée d’un train à La Ciotat, em 1985.

 

 

Quando a plateia fugiu da sala com medo de serem atropelados pelo trem exibido na tela e filmado em perspectiva, tomaram conhecimento que não estavam diante de um espaço real, mas sim de um truque, e a afinidade e correspondência que aquelas imagens tinham com o meio real, conquistou o espectador, que compreendeu a representação cinematográfica com seu espaço (muitas vezes o urbano) como se esse fosse vivido de forma empírica.

Logo nas primeiras obras do séc. XX, percebe-se a utilização do plano geral, no qual é possível ter uma visão mais panorâmica do cenário (cidade). A autora Maria Helena Costa afirma que esses enquadramentos de câmera nada mais significavam

“incorporações do desejo moderno de visualização do mundo, que por sua vez, tinham relação direta com a atração exercida pelo movimento das ruas e a circulação de homens e mulheres na cidade”.

Essas obras ofereceram passeios visuais pelo urbano com perspectivas vistas de diferentes pontos, graças a cinematografia que se revelava com a atividade da câmera em movimentos horizontais, circulares e verticais.

Esse post foi o início de um projeto muito querido, o Cidade Cenário, que se resume a uma sequência de posts nos quais serão abordados estudos de cidades em determinados filmes que nos ajudam a refletir sobre ela.

“vive-se um filme como se vive o espaço habitado: como uma passagem cotidiana tangível”. (Giulinana Bruno)

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